Programação do '8 ½ Festa do Cinema Italiano' inclui ainda novo longa de Paolo Taviani e filmes exibidos na última edição do Festival de Veneza
Ennio Morricone em 'Ennio o maestro', de Giuseppe Tornatore-foto:Divulgação
Após duas edições on-line, em razão da pandemia, o festival “8 ½ Festa do Cinema Italiano” retorna ao formato presencial com sessões em 19 cidades. De hoje a 10 de agosto, serão exibidas 12 produções feitas na Itália, sendo oito inéditas no Brasil. A programação da nona edição do evento reúne filmes premiados, apostas e clássicos, além de homenagens a ícones do cinema, como o diretor Pier Paolo Pasolini (1922-1975) e o compositor Ennio Morricone (1928-2020).
A programação começa hoje e vai até 3 de agosto em São Paulo, Rio, Belo Horizonte, Brasília, Salvador, Recife e Porto Alegre. Na sequência, entre os dias 4 e 10, será a vez de Vitória, Fortaleza, Natal, Belém, Curitiba, Florianópolis, Londrina, Santos, Campinas, Goiânia, Niterói e Maringá.
Pasolini, que completaria 100 anos em 2022, será homenageado com a exibição de “Mamma Roma” (1962), marco neorrealista com Anna Magnani. Já a vida e a obra de Morricone são celebradas com o documentário “Ennio, o maestro”, dirigido por Giuseppe Tornatore, com quem o compositor trabalhou em diversos filmes, com destaque para “Cinema Paradiso” (1988).
Filho do responsável por temas clássicos de obras como “Três homens em conflito” (1966), “A missão” (1986) e “Os oito odiados” (2015), Marco Morricone conta que foi o próprio pai que escolheu Tornatore para o documentário.
— O projeto começou em 2014, quando Gianni Russo e Gabriele Costa (produtores) procuraram meu pai para perguntar se gostaria que fizessem um filme sobre sua vida. Ele pegou o telefone e ligou para o Giuseppe (Tornatore), e disse: “Se você dirigir, eu aceito” — lembra Marco em conversa por Zoom.
Aos 65 anos, o filho do lendário compositor revela ter se surpreendido com o longa.
— Quando assisti ao primeiro corte do filme, que tinha quase sete horas, abracei Giuseppe e falei: “Obrigado, aprendi coisas sobre meu pai com o filme” — conta. — A vida do meu pai foi uma evolução contínua, ele estava sempre estudando e aprendendo coisas, e nos devolvia com sua obra. Essa foi uma das fórmulas do sucesso dele, estava sempre trabalhando. Dois meses antes de sua morte, ainda estava compondo.
Executivo por boa parte da vida, Marco passou a acompanhar seu pai em turnês nos últimos 20 anos. Em 2003, quando Ennio Morricone vez uma apresentação com orquestra no Royal Albert Hall, em Londres, Marco estava com o pai e se lembra da insegurança dele, que até então achava que a turnê seria um fracasso. No entanto, a apresentação lotou o espaço e desencadeou em performances do compositor por todo mundo. Marco se lembra quando passou com Ennio pela América Latina, em 2007, quando o maestro expôs seu talento no Theatro Municipal do Rio de Janeiro.
— Morricone era um músico de escrita simples, em termos técnicos, mas com uma capacidade como a de um pintor no uso de texturas, na forma como combina os instrumentos. São essas combinações, que fazia o tempo todo dentro da orquestra, que se tornaram a digital de sua obra — lembra Fernando Thebaldi, violista e diretor artístico da Orquestra Petrobras Sinfônica, que foi regido pelo maestro na apresentação no Rio.
Entre os destaques da mostra está também “Il buco”, de Michelangelo Frammartino, vencedor do Prêmio do Júri no Festival de Veneza 2021. O longa reconstitui a jornada realizada por jovens espeleólogos, que encontram pela primeira vez o fundo do Abismo do Bifurto, uma das cavernas mais profundas do mundo.
— “Il Buco” é uma experiência estética e sensorial que nos permite regressar na profundidade de um abismo que é ao mesmo tempo morte e nascimento, é certamente uma das propostas mais arrojadas deste ano — destaca Stefano Savio, diretor e curador do evento.
Diversidade de temas
O curador destaca a diversidade de temas entre os títulos selecionados:
— Temos filmes tão diferentes que demonstram a riqueza da produção cinematográfica italiana atual. É impressionante ver quanta originalidade e criatividade se encontra no último filme de Paolo Taviani, “Leonora, adeus”, ou a força emotiva e o compromisso social de “Mulheres rebeldes”, de Francesco Costabile.
Também de Veneza vieram “Laços”, de Daniele Luchetti, e “Freaks out”, de Gabriele Mainetti. O último é uma das obras mais exóticas presentes na seleção, um filme de super-heróis italiano. Passada em Roma, nos anos 1940, a trama acompanha quatro irmãos com características especiais que acompanham um circo. Quando o líder da companhia desaparece, sob suspeita de ter sido levado por nazistas, os quatro acabam deixados sozinhos na cidade ocupada.
Fonte:O globo
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